Moradores voltam a fechar rua de Rio Branco em protesto contra mudança do Centro POP
19/05/2025
(Foto: Reprodução) Manifestantes fecharam a Rua Rio de Janeiro, no bairro Mascarenhas de Moraes, no final da tarde desta segunda-feira (19). Moradores voltaram a protestar contra a mudança do Centro POP para a Baixada da Sobral
Lucas Thadeu/Rede Amazônica Acre
Moradores da Baixada da Sobral, em Rio Branco, voltaram a protestar contra a mudança do Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro POP). Nesta segunda-feira (19), os manifestantes fecharam a Rua Rio de Janeiro, no bairro Mascarenhas de Moraes.
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O ato iniciou após às 17h e a via foi liberada por volta das 18h20. Os moradores são contra a instalação do espaço que atende pessoas em situação de rua na região. (Veja detalhes abaixo).
A Prefeitura de Rio Branco reafirmou que o Centro POP vai sair da região central, contudo, sem definição certa da localidade escolhida. A Secretaria de Assistência Social avalia um imóvel para montar a estrutura.
Edmilson Soares, presidente do bairro Volta Seca, explicou que foram convocados moradores dos 22 bairros da Baixada da Sobral para reivindicar uma resposta da prefeitura.
Ele relembrou que a comunidade fez um protesto na última sexta (16) na ladeira do Bola Preta e a gestão municipal não encaminhou um representante para conversar com os moradores. "O prefeito ia subindo a ladeira, não parou para conversar com ninguém, nem mandou um representante e até estamos sem saber de nada com relação a mudança do Centro POP", criticou.
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Lucas Thadeu/Rede Amazônica Acre
Gilson Albuquerque, que também ajudou a interditar a rua, disse que a comunidade deve fazer um terceiro protesto em frente à Câmara de Vereadores nesta terça-feira (20). O manifestante afirmou que os organizadores estão convidando moradores de bairros da redondeza da Baixada para o ato desta terça.
"Para que a gente possa ir na Câmara de Vereadores amanhã [terça-feira, 20] pedir o apoio dos vereadores para que o Centro POP não venha para essa regional. Não somos contra essas pessoas que precisam de tratamento, mas sabemos que tem no Centro da cidade. A prefeitura quer transferir um problema que tem no Centro para as regionais e acredito que não vai ser resolvido dessa maneira", pontuou.
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Mudança de endereço
O protesto ocorre após a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (Seasdh) de Rio Branco iniciar estudos para mudar o Centro POP, que funciona no Centro da capital acreana, para outro endereço. Atualmente, o local atende mais de 600 pessoas em situação de rua cadastradas e a mudança preocupa moradores de localidades apontadas como possíveis locais para o novo aluguel.
A troca de endereço deve acontecer, segundo o órgão municipal, porque a estrutura do prédio não consegue mais fazer os atendimentos, além das constantes reclamações de comerciantes sobre vandalismo e furtos na região.
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Andryo Amaral/Rede Amazônica Acre
Um estudo está sendo feito para avaliar para onde o espaço deve ser transferido. Um dos locais estudados seria a região da Baixada da Sobral. O secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, João Marcus Luz, ainda citou que a mudança pode ser feita para a região do Bosque, Floresta ou Castelo Branco.
"O Ministério Público prefere o Castelo Branco, por conta da nossa unidade de Restaurante Popular, por conta do Hosmac [Hospital de Saúde Mental do Acre], da delegacia, da UPA [Unidade de Pronto Atendimento], ou seja são unidades que tem tudo a ver com a população em situação de rua", comentou o secretário.
O prédio alugado vai ser destinado ao encaminhamento para Unidades de Saúde, atendimento psicossocial e direcionamento para entidades que auxiliam na recuperação do vício em álcool e drogas.
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Pessoas em situação de rua
De acordo com uma pesquisa do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, o número de pessoas vivendo em situação de rua em todo o Brasil aumentou cerca de 25%.
Ainda de acordo com o observatório, com base em dados de 2012 a 2021, na capital acreana existem 28 pessoas em situação de rua por 100 mil habitantes. Dessa população, a maioria está na faixa etária dos 30 aos 60 anos.
O professor de sociologia, Nilson Euclides da Silva, expõe que esse é um fenômeno que toda sociedade vive.
"Todo o processo de urbanização desde o século passado, por razões que vão do vício, desemprego, até a falta de oportunidade. Então toda a sociedade principalmente nas áreas urbanas, sempre geraram digamos, esses indivíduos", esclareceu ele.
O estudo do observatório também classifica que de sete em cada dez pessoas em situação de rua no país não terminaram o ensino fundamental e 11% se encontram em condição de analfabetismo. Nilson questiona até quando a essas pessoas existirão na nossa sociedade.
"Qual é o objetivo dessa sociedade incluir? A civilização serve pra isso: incluir indivíduos nos grupos diversos dentro de um sistema produtivo. Sistema produtivo esse que possa levar qualidade de vida, uma maior igualdade social e econômica e nós estamos exatamente fazendo o inverso", lamentou o professor.
Colaborou o repórter Lucas Thadeu, da Rede Amazônia Acre.
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