Intoxicação por metanol: onde estão os casos em São Paulo e mais 7 pontos que você precisa saber
05/10/2025
(Foto: Reprodução) Intoxicação por metanol: médico alerta para sintomas e necessidade de atendimento rápido
Jornal Nacional/ Reprodução
O número de notificações pelo país de intoxicação por metanol após ingestão de bebida alcoólica só tem subido — e o estado de São Paulo concentra os casos.
🔍 O metanol é um álcool usado industrialmente em solventes e outros produtos químicos, é altamente perigoso quando ingerido. Inicialmente, ataca o fígado, que o transforma em substâncias tóxicas que comprometem a medula, o cérebro e o nervo óptico, podendo causar cegueira, coma e até morte. Também pode provocar insuficiência pulmonar e renal.
Abaixo, veja oito pontos essenciais sobre as intoxicações no estado de São Paulo:
1 - Casos de intoxicação por metanol
O número de notificações subiu para 225 no Brasil, segundo novo balanço do Ministério da Saúde divulgado neste domingo (5). As notificações incluem casos confirmados e suspeitos, além de mortes. São 16 casos confirmados e 209 em investigação.
O estado de São Paulo lidera com 192 notificações, o que corresponde a 85% dos números de todo o país.
2 - Onde estão os casos de intoxicação no estado de SP
As cidades que já tiveram notificação sobre suspeita de intoxicação por metanol são:
Araçatuba
Cajuru
Carapicuíba
Cubatão
Diadema
Embu
Embu das Artes
Ferraz de Vasconcelos
Guarulhos
Itapecerica da Serra
Itaquaquecetuba
Jacareí
Jundiaí
Limeira
Mauá
Osasco
Ribeirão Preto
Rio Claro
Santo André
Santos
São Bernardo do Campo
São José dos Campos
São Paulo
São Vicente
Taboão da Serra
Vinhedo
As cidades de Barrinha e Itu tiveram notificações, mas os casos foram descartados após análise.
3 - Quais bebidas estão sendo 'batizadas' com metanol?
Os casos de intoxicação por metanol identificados até agora envolvem bebidas destiladas, como vodca e gin.
No entanto, especialistas reforçam que, neste momento, nenhuma bebida pode ser considerada totalmente segura. O risco maior, porém, está nos destilados, especialmente os incolores.
De acordo com médicos ouvidos pelo g1, cerveja, vinho e chope apresentam menor vulnerabilidade à adulteração com metanol, principalmente pela forma de produção e envase. A cerveja em lata é apontada como a opção de menor risco, já que o recipiente é mais difícil de ser adulterado.
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4 - Como identificar metanol na bebida?
Não é possível identificar a presença do metanol apenas olhando, cheirando ou provando a bebida. Ele não altera cor, odor ou sabor, e só pode ser detectado por testes laboratoriais. Por isso, especialistas o chamam de “substância traiçoeira”.
Autoridades recomendam que consumidores fiquem atentos a embalagens suspeitas (como lacres tortos ou rótulos mal impressos), desconfiem de preços muito baixos e sempre exijam nota fiscal.
A Abrasel, entidade que representa bares e restaurantes, orienta que garrafas vazias sejam inutilizadas para evitar que falsificadores as reutilizem.
Autoridades orientam a população a:
Desconfiar de preços muito baixos;
Comprar apenas em locais conhecidos;
Verificar se as garrafas têm lacre e selo fiscal.
Em caso de sintomas, a recomendação é procurar atendimento médico imediato e informar a origem da bebida para ajudar na investigação.
5 - Sintomas nas primeiras horas
Nas primeiras horas, a intoxicação pode ser confundida com uma ressaca comum: náusea, tontura e dor de cabeça. Mas o fígado logo transforma o metanol em substâncias tóxicas, como formaldeído e ácido fórmico, que atacam principalmente olhos e sistema nervoso.
Entre 12 e 24 horas, surgem sintomas mais graves, como visão borrada e respiração acelerada. Em até 48 horas, há risco de cegueira irreversível, falência de órgãos e morte. O tratamento imediato é fundamental, pois cada hora de atraso reduz as chances de recuperação.
Infográfico: o impacto do metanol no corpo humano.
Arte/g1
6 - Existem antídotos para o metanol?
Sim. O antídoto considerado padrão-ouro é o fomepizol, que não tinha registro no país e precisou ser importado de forma emergencial. O Brasil comprou 2,5 mil unidades de fomepizol, que devem estar disponíveis até o fim da próxima semana.
O medicamento bloqueia a transformação do metanol em metabólitos tóxicos e aumenta as chances de sobrevivência sem sequelas.
Já o etanol farmacêutico é usado como alternativa —ele compete com o metanol no fígado e retarda seus efeitos, embora não seja tão eficaz. Ele é feito por laboratórios e farmácias de manipulação, e o governo também adquiriu novos lotes para aumentar os estoques no SUS.
🔍O etanol farmacêutico age como antídoto, pois impede que o metanol seja convertido em ácido fórmico, uma substância ainda mais perigosa.
Entenda como funcionam os antídotos para intoxicação de etanol
7 - Qual é a principal linha de investigação?
A principal linha de investigação da Polícia Civil é que fábricas clandestinas estariam usando metanol para higienizar garrafas falsificadas antes de envasá-las. A substância, que não está disponível legalmente no Brasil, teria sido contrabandeada e aplicada em recipientes reutilizados.
Mais de mil garrafas já foram apreendidas em operações conjuntas entre polícia e Vigilância Sanitária. O Instituto de Criminalística analisa os lotes suspeitos em duas etapas: primeiro a autenticidade da embalagem (selo, rótulo e lacre) e depois o líquido em laboratório. Até agora, parte das amostras já testou positivo para metanol.
8 - Como descartar garrafas de destilados para evitar falsificação?
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) recomenda que consumidores adotem cuidados extras no descarte de garrafas de destilados, para dificultar a ação de falsificadores. Isso porque embalagens originais são muitas vezes reutilizadas em bebidas adulteradas, como as envolvidas nos casos de intoxicação por metanol em São Paulo.
As orientações são:
Nunca descartar a tampa junto com a garrafa (coloque em lixos diferentes);
Rasgar ou retirar o rótulo antes de jogar fora;
Encaminhar a embalagem a pontos de coleta de vidro ou locais de reciclagem autorizados;
Evitar descartar no lixo comum, o que facilita o reaproveitamento.
Segundo o diretor da Abrasel, Gabriel Pinheiro, há até um mercado paralelo de compra dessas garrafas. Ele defende fiscalização mais rigorosa contra falsificadores e destilarias ilegais. O tema também deve chegar ao Congresso, com um projeto de lei para tornar obrigatória a destruição das embalagens após o consumo.
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